O reitor da UFMG, Clélio Campolina Diniz, inicia nesta semana visita oficial ao México, onde vai proferir duas conferências sobre os desafios e perspectivas de desenvolvimento econômico dos países da América Latina e firmar acordos de cooperação acadêmica com universidades locais. “Esta missão é muito importante, porque as relações entre Brasil e México são ainda muito restritas, por conta dos fortes vínculos daquele país com os Estados Unidos. É uma oportunidade promissora para ampliarmos a articulação com a comunidade acadêmica mexicana”, comenta o reitor da UFMG.

Em Toluca, cidade próxima à capital do país, Campolina participará do 10º Coloquio Internacional de Diseño, que ocorrerá entre os dias 25 e 27 de setembro, na Universidad Autónoma del Estado de México (UAEMéx). No dia 26, o reitor da UFMG vai proferir a primeira das duas conferências magistrais que ocorrerão no evento, que conta também com apoio de outras instituições de ensino superior do México, além da UAEMéx – Universidad Nacional Autónoma de México, Benemérita Universidad Autónoma de Puebla, Universidad de Colima, Universidad Autónoma de Tamaulipas e Universidad Autónoma de Yucatán.

Na sua conferência, o reitor vai abordar a crise da economia mundial, as transformações geopolíticas recentes e os desdobramentos destas mudanças na forma de inserção internacional dos países da América Latina. No dia 27, Clélio Campolina vai firmar convênio com a UAEMéx, visando apoiar intercâmbio de estudantes e professores com a UFMG e a realização compartilhada de pesquisas. A programação completa e outras informações sobre o colóquio estão disponíveis no site www.2013.coloquiodediseno.org.

Integração latino-americana

No dia 30 de setembro, na Universidad Autónoma de Nuevo León (UANL), sediada em Monterrey, o reitor vai proferir a conferência magistral Rede urbana e acessibilidade como elementos estruturantes para a integração latino-americana, na abertura do seminário internacional promovido em comemoração ao vigésimo aniversário da Red Ibero-americana de Investigadores sobre Globalización y Territorio (RII), que congrega estudiosos de temáticas urbanas e regionais.

Representante brasileiro na RII desde a sua fundação em 1994, Clélio Campolina explica que o tema central de sua conferência são as atuais condições de acesso e de conexões interterritoriais disponíveis no continente. “Vou discutir o isolamento existente entre os países da América Latina, principalmente da América do Sul, que decorre de razões históricas e da ausência de infraestrutura adequada”, diz o reitor da UFMG. “A integração da América Latina depende da acessibilidade entre as suas principais cidades, uma vez que as cidades e a infraestrutura de acessibilidade comandam e estruturam o território”, acrescenta.

Segundo Clélio Campolina, 71% do comércio exterior da Europa em 2011 foi relativo a transações entre os países do próprio continente. Na Ásia e na América do Norte, o percentual das exportações realizadas na própria região no mesmo período foi de 52% e 48%, respectivamente. Na América Latina, essa fatia foi muito menor, de apenas 18,5%. “Tais indicadores mostram que não há integração comercial entre os países latino-americanos”, afirma o reitor.

O caso do Brasil é paradigmático: dos US$ 226 bilhões exportados pelo país, US$ 34 bilhões foram para a América Latina, significando apenas 15% do total. “Enquanto não houver integração comercial, não haverá integração produtiva, divisão inter-regional do trabalho e complementaridade”, diz.

A principal causa dessa falta de integração comercial é a inexistência de uma rede urbana estruturada e conectada, de acordo com Clélio Campolina. “As cidades estão relativamente isoladas umas das outras, diferentemente do que se observa, por exemplo, na Europa, onde há uma malha integrada de cidades.” Ele destaca que não é possível vislumbrar uma inserção qualificada do continente no mercado global sem considerar um projeto prévio de integração continental. “Não podemos pensar em integrar só com os países de fora e esquecer a América Latina, pois isso traz uma série de implicações. O Mercosul, por exemplo, está relativamente pouco ativo”, salienta. “Temos que melhorar a integração territorial da América Latina e o complemento é a integração econômica.”

Em Monterrey, o reitor da UFMG também vai firmar convênio com a Universidad Autónoma de Nuevo León para estimular o intercâmbio acadêmico e o desenvolvimento de pesquisas conjuntas, principalmente no que se refere a estudos sobre a América Latina.

20 anos de Rede

A RII foi criada em 1994 e conta atualmente com mais de mil pesquisadores de diversos países ibero-americanos envolvidos em estudos sobre problemáticas urbanas e regionais.

Desde a sua constituição, foram realizados 12 encontros internacionais, sendo que o último deles ocorreu no ano passado em Belo Horizonte, sediado na UFMG. A 13ª edição do congresso da RII, previsto para 2014, será realizada novamente no Brasil, na cidade de Salvador, de 1º a 4 de setembro.

Outras informações sobre o seminário comemorativo pelos 20 anos da RII podem ser obtidas no site www.arquitectura.uanl.mx ou pelo e-mail farq@uanl.mx.