Eduardo Lee, Pesquisador no IFIMAC (Instituto de Física de Matéria Condensada) da Universidade Autônoma de Madri, na área da Nano Física, Materiais Avançados é o mais novo brasileiro a receber um Grant ERC.

Ele conta como foi o início da cooperação:

O Instituto de Física de Matéria Condensada (IFIMAC) da Universidade Autônoma de Madri recentemente iniciou um programa de Jovens Pesquisadores, com o intuito de abrir novas linhas de pesquisas. Me candidatei para uma das duas vagas disponíveis e fui selecionado. Agora, estou iniciando as atividades do meu grupo de pesquisa. Para esse fim, estou obtendo suporte de outros grupos e pesquisadores do IFIMAC.

Sobre o processo de seleção do ERC, Lee conta que, o processo envolve duas etapas: a primeira consiste na submissão do projeto escrito, e caso este seja bem avaliado, o pesquisador é convidado a uma entrevista em Bruxelas. Dependendo do painel para o qual o projeto é submetido, o tempo alocado para a entrevista pode variar. No seu caso, teve 10 minutos para expor o projeto, seguido por 15 minutos de perguntas. Dado o tempo bastante limitado para a apresentação do projeto, é primordial fazer uma boa preparação, para que as mensagens do projeto estejam bem claras.

Ainda segue contando: “O meu projeto de pesquisa está situado em um dominio da física de matéria condensada dedicado ao estudo de materiais topológicos. Existe um grande interesse em uma classe de materiais conhecidos como supercondutores topológicos, que tem o potencial para aplicações em computação quântica. Infelizmente, esses materiais não existem na natureza, porem trabalhos teóricos sugerem que podem ser produzidos a partir da combinação de certos ingredientes. Uma das "receitas" para obter um supercondutor topológico envolve a combinação de nano-semicondutores com acoplamento spin-orbita forte com supercondutores, e na presença de campos magnéticos. Este projeto de pesquisa irá estudar uma metodologia ainda inexplorada para a obtenção de um supercondutor topológico baseado em pontos quânticos semicondutores”.

Com relação ao apoio dado pelo ERC, Lee é enfático em afirmar que é crucial para o desenvolvimento deste projeto. Sem este apoio, não seria possível custear o equipamento necessário para realizar as medidas experimentais a temperaturas próximas do zero absoluto (cerca de algumas dezenas de mK), a nano-fabricação dos dispositivos híbridos de supercondutores e nanoestruturas semicondutoras, assim como os alunos de doutorado e os colaboradores de pós-doutorado.

Sobre a pesquisa no Brasil e na Europa, Lee afirma que é difícil fazer uma comparação direta, considerando que saiu do Brasil já após o mestrado, além da mudança radical de sua área de pesquisa. Porém, diz que os projetos ERC, de uma forma geral, possibilitam a exploração de projetos de pesquisa ambiciosos, uma vez que fornecem um apoio financeiro bastante generoso, mesmo comparado ao financiamento existente localmente, dentro dos países europeus. Ou seja, estes projetos constituem uma oportunidade única para a obtenção dos meios necessários para a realização de projetos de ponta.

Sobre a mobilidade de pesquisadores internacionais, de uma forma geral, Lee acredita que seja essencial para o desenvolvimento da ciência. É uma forma eficiente para a troca de conhecimento, para o estabelecimento e desenvolvimento de colaborações, assim como uma ótima oportunidade para se aprender a forma de trabalho desenvolvida em países diferentes.

Lee também acredita que a cooperação cientifica Brasil e Europa, pode estimular muito essa troca de conhecimento, e com certeza é extremamente interessante para as duas regiões.