Ministro Aloizio Mercadante anunciou a criação de um repositório digital de cursos, onde aulas e palestras das universidades federais serão disponibilizados online

O matemático estadunidense Salman Khan é fundador da Khan Academy – fundação sem fins lucrativos que aplica a tecnologia para facilitar o aprendizado. As mais de 20 mil aulas criadas por uma equipe de 30 pessoas já foram vistas em 216 países. Na última quarta-feira (16 de janeiro), centenas de pessoas lotaram o Auditório do Ministério da Educação para conhecer um pouco melhor as ideias do jovem professor de 36 anos.

Segundo ele, sua metodologia permite que os alunos assistam às aulas em qualquer lugar e respeitando seu ritmo podendo voltar o conteúdo quantas vezes quiser. Assim, os professores aprofundam em sala de aula o conteúdo dos vídeos. Além disso, os educadores têm a exata noção do avanço do aluno em cada assunto e podem identificar deficiências durante o processo de aprendizado de cada um. “O professor é insubstituível. O que fazemos é otimizar o tempo e estimular o diálogo em sala de aula mostrando que o professor é seu amigo”, disse Kahn. Ele acredita que os vídeos facilitam as relações entre professores e alunos sobre Matemática, Física, Química, Biologia, História da Arte, Ciência da Computação e Economia, ou como o próprio Khan disse, “quase tudo”.

Durante a palestra, o ministro Aloizio Mercadante anunciou que ainda no primeiro semestre deste ano, o MEC pretende estimular as universidades federais a criarem juntas, a Universidade Livre, uma plataforma que disponibilizará palestras, cursos e aulas ficariam disponíveis ao público. “Vamos multiplicar a nossa capacidade pedagógica e permitir que qualquer professor ou aluno tenha acesso ao conhecimento em qualquer lugar do Brasil ou do mundo”, disse.Segundo o ministro, os estudos para a escolha da melhor plataforma tecnológica estão sendo finalizados. Os conteúdos seriam oferecidos de forma voluntária pelas universidades participantes.

Além desta iniciativa entre as universidades, 3.800 vídeo-aulas de Khan estão sendo traduzidas para o português. Elas devem estar disponíveis nas escolas públicas brasileiras até junho deste ano. A plataforma desenvolvida por Khan se unirá à TV Escola, ao Canal da Educação e ao Portal do Professor. Este conteúdo, além de toda a bibliografia pedagógica do MEC, será disponibilizado em tablets distribuídos para mais de 600 mil professores ao longo do primeiro semestre.

Docentes de todo o País estão sendo capacitados para utilizar as novas ferramentas digitais. “Os alunos são nativos digitais, enquanto os professores são imigrantes. Nada pode substituir o professor ou os livros em sala de aula, mas os novos instrumentos podem facilitar a interação e o docente terá ainda mais autonomia para criar suas aulas”, disse o ministro.

Potencial

Mercadante disse que o trabalho do matemático formado pelo Massachusetts Institute (MIT) e pela Universidade de Harvard chamou sua atenção porque permite que ricos e pobres tenham acesso exatamente às mesmas lições. “Precisamos explorar a potencialidade dos novos métodos na educação e transformar o Brasil numa imensa sala de aula virtual. Só assim, daremos um salto de qualidade na educação. Este é o nosso maior desafio no momento”, disse o ministro.

O método de Khan começou a ser desenvolvido em 2005. Ele elaborou pequenos vídeos para resolver dúvidas de seus primos menores. Um amigo o aconselhou a colocar os vídeos no Youtube. “Meus primos gostaram muito mais de mim nos vídeos. Neles, não havia ninguém perguntando ´você entendeu?´. Isso pode ser muito estressante para um jovem”, disse Khan.

Na palestra, ele usou uma analogia entre a construção e o processo de aprendizado. “Imagine um grupo de operários que vão construir uma casa. Eles têm duas semanas para preparar a base da construção. Ao final desse período, o engenheiro revisa o trabalho realizado e verifica que tudo está 80% conforme planejado. Mesmo assim, a obra segue adiante. Erros são cometidos nas etapas seguintes porque não são levados em conta imprevistos como chuva ou faltas dos funcionários. O resultado: a casa não se sustentaria”.

 

(Texto: Unb Agência. Foto: Emília Silberstein/UnB Agência)