O legado histórico da Amazônia que deixa a região à margem da produção científica. É dessa forma que o professor da Universidade Federal do Pará, Mario Ribeiro, doutor em Economia pela Universidade de São Paulo (USP) avalia a exclusão científica amazônica. “É necessário construir uma agenda positiva para a região. Estamos em um processo de auto-exclusão. Inclusão só é possível se criarmos conhecimentos em todos os níveis”, avisa. Para o professor, a Amazônia tem um destacado papel na crise ambiental global, mas historicamente tem servido apenas para subsidiar o desenvolvimento de outras regiões.

Opinião semelhante tem a pesquisador do Instituto de Pesquisas Ambientais da Amazônia (IPAM), Cássio Pereira. Para ele, as políticas implementadas na Amazônia são muito mais para atender estratégias nacionais e internacionais. “A Amazônia sempre prestou serviços, fornecendo matérias-primas e benefícios mais para interesses externos do que internos”, relatou. Ambos participaram de uma mesa redonda na manhã desta quinta-feira, 07, durante o 2º Congresso Anual do Instituto Brasil Europa (IBE), que começou ontem em Belém no Salão de Eventos Benedito Nunes da UFPA com o tema “Perspectivas de Inclusão”.

Além de Mário Ribeiro e Cássio Pereira, participou da mesa o professor, sociólogo e escritor Emanuel Matos também da UFPA. Emanuel Matos fez uma apresentação focada no papel da Europa no processo de inclusão social. Na sua percepção, o “velho continente” nasceu com uma vocação imperialista e que a genética do capitalismo renega a inclusão social. “O sistema do mundo atual é polarizante, não inclusivo. O enriquecimento de uns poucos tem em seu reverso o empobrecimento de muitos. O homem precisa mudar. Ou nós nos incluímos ou não nos incluirá ninguém”, acredita o professor.

O congresso anual é uma iniciativa do Instituto de Estudos Brasil Europa (IBE), cujo objetivo é promover o desenvolvimento do ensino e da pesquisa em temas de interesse do Brasil e da União Europeia.