Projeções indicam que em 20 anos o Brasil poderá se tornar o sexto país com maior número de idosos no mundo. De acordo com a Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (Pnad), no Brasil, em 2012 os idosos somavam 23,5 milhões. Isso representa mais que o dobro do registrado em 1991, quando foram contabilizadas 10,7 milhões de pessoas.Para tratar da inclusão social dos idosos, pesquisadores e especialistas na área se reuniram nesta sexta-feira, em Belém, durante o 2º Congresso Anual do Instituto de Estudos Brasil Europa (IBE). Eles foram unânimes que em dizer que a inclusão social só será possível por meio de políticas públicas.

Da condição de dependente, para provedor. O idoso hoje mantém um papel importante na família, uma vez que conta com aposentadoria. De acordo com a pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Ana Amélia Camarano, os idosos brasileiros já foram beneficiados com políticas públicas que os fizeram melhor suas condições de vida, mas pode-se sim discutir novos benefícios. Ela diz que a política social brasileira não considera o idoso como pobre, à medida que por meio de pensões e aposentadoria, em algumas situações, desempenha papel importante na finança da família. “Necessitamos entender melhor esse grupo. Qual o seu novo papel na sociedade”, avalia a pesquisadora.

Para a socióloga, professora da Universidade do Porto e doutora em Política Social na London Scholl of Economics, Alexandra Lopes, o processo de envelhecimento de uma população obriga a se pensar em novas estratégias para combater a vulnerabilidade do idoso e permitir ainda sua maior inserção social. Em sua opinião, isso pode ser garantido por meio de políticas públicas eficazes. Se o Brasil caminha para o sexto lugar em número de idosos no mundo, deve-se à expectativa de vida do brasileiro, que é maior hoje que no passado devido aos avanços no campo da saúde e a redução na taxa de natalidade. “Mas isso é positivo, uma conquista. O mesmo acontece na Europa, que envelheceu há duas décadas”, informa.

A mesa de discussão foi composta ainda pelo professor Roberto Vecchi, da Università di Bolohna, e Kabengele Munanga, antropólogo, professor titular da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. O Brasil e a União Europeia têm uma parceria estratégica cujo objetivo é desenvolver um diálogo político com a finalidade de promover a cooperação em áreas de interesse mútuo. No âmbito deste diálogo é destacada a importância da dimensão social da globalização, buscando implementar políticas públicas para uma maior coesão social.