O 2º Congresso Anual do Instituto de Estudos Brasil Europa (IBE) começa no dia 6 de março, em Belém (PA), com uma conferência do reitor da UFMG, Clélio Campolina Diniz, a respeito dos efeitos e desafios que o processo de globalização acarretou para o desenvolvimento econômico e social da região amazônica brasileira, na qual está abrigado um dos mais ricos e diversificados ecossistemas do mundo. “É necessário reconfigurar o atual modelo de exploração dessa extensa área, mediante a adoção de um novo padrão produtivo que compatibilize a geração de riqueza e renda com o aproveitamento sustentável da biodiversidade existente, de modo a evitar a sua degradação e, ao mesmo tempo, induzir processos inovativos baseados nos recursos naturais disponíveis”, diz Campolina.

Considerando somente as delimitações brasileiras da chamada Amazônia Legal, a região de quase quatro milhões de quilômetros quadrados, abrangendo nove Estados, equivale a mais de 60% do território nacional, mas responde por apenas 13,4% da população e 8,1% do PIB do País, de acordo com dados do IBGE relativos a 2010. Muitos dos problemas estruturais dessa ampla fração geográfica, caracterizada pela existência de múltiplos e conflituosos interesses políticos e econômicos vinculados a grupos remotos e exógenos à região, foram aprofundados com a globalização, entre os quais o impacto das atividades econômicas sobre o meio ambiente e as desigualdades sociais.

“Um modelo de desenvolvimento que permita a criação de emprego e o aumento da renda das populações locais a partir de novas tecnologias apropriadas ao bioma amazônico é crucial para possibilitar a inclusão dos estratos sociais mais desfavorecidos e evitar os danos ambientais provocados pelo atual forma de exploração produtiva dessa imensa área geográfica”, afirma o reitor da UFMG. “Além disso, pode propiciar uma maior integração intra e inter-regional da própria Amazônia, que é bastante heterogênea e fragmentada, combinando baixa densidade de ocupação com concentrações urbano-industriais muito esparsas”, acrescenta Campolina, que foi um dos coordenadores do Estudo da Dimensão Territorial para o Planejamento, realizado pelo Ministério do Planejamento em 2008, e autor da concepção e da proposta de um plano de desenvolvimento regional e urbano orientado para a construção de um país policêntrico.

Neste estudo, o reitor da UFMG defende a não antropização da Amazônia e propõe o fortalecimento de uma rede de sete novos macropolos (Campo Grande, Cuiabá, Porto Velho, Uberlândia, Palmas, São Luís e Belém), além dos outros 11 já consolidados (Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Fortaleza, Manaus, Goiânia, Brasília) e de uma rede de mesopolos, cuja finalidade é o de estabelecer um melhor ordenamento do território nacional. Juntamente com os macropolos que bordejam a Amazônia legal (Cuiabá, Porto Velho, Palmas, São Luís e Belém) e a própria Manaus, é proposta a configuração de um “colar” de mesopolos urbanos. Segundo a proposta de Campolina, esses macro e mesopolos deveriam ser orientados para serem os centros de criação de conhecimento novo e de inovação para o bioma amazônico. Adicionalmente, o reitor da UFMG advoga a busca de entendimentos entre os nove países que integram a Amazônia (Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela) para a definição de uma agenda comum de ações direcionadas à região.

Inclusão em pauta

Os diversos aspectos relacionados à exclusão e as políticas públicas mais convenientes para fortalecer a coesão social compõem o tema central do 2º Congresso Anual do IBE, que será hospedado na Universidade Federal do Pará (UFPA), entre os dias 6 e 8 de março, sob a denominação de “Avançando na inclusão”. De acordo com os organizadores do evento, o principal objetivo é “discutir questões atuais relativas à exclusão e pensar alternativas para enfrentar o desafio da inclusão em um mundo que cria novos excluídos”.

Além da conferência de abertura a ser proferida pelo reitor da UFMG, estão programadas cinco mesas de debate, com exposição de renomados especialistas, entre os quais Peter Petkoff, da Universidade Brunel (Reino Unido); Roberto Vecchi, da Universidade de Bologna (Itália); Alexandra Lopes, da Universidade do Porto (Portugual), Cecília Leite, do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT); Ana Amélia Camarano, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA); Marcos Palácios, da Universidade Federal da Bahia (UFBA); Tullo Vigevani, da Universidade Estadual Paulista (Unesp); David Carvalho e Flávio Nassar, da UFPA, e o antropólogo Kabengele Munanga, dentre outros.

 

(Fonte: Assessoria de Comunicação da UFMG)