Aline Vidotto se formou no Instituto de Fìsica da Universidade de São Paulo. Obteve PhD no Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas também na Universidade de São Paulo e fez parte do seu PhD na George Mason University, nos EUA. Ela foi uma Research Fellow na Royal Astronomical Society da Universidade de St Andrews, no Reino Unido e uma Ambizione Fellow na Universidade  de Genebra, na Suíça. Ela é atualmente professora assistente na Trinity College Dublin, na Irlanda.

Em entrevista para a EURAXESS, Aline falou sobre a pesquisa que está conduzindo com a bolsa ERC Consolidator.

Segundo ela, a pesquisa realizada com seu grupo na Trinity College Dublin foca em como as estrelas afetam seus exoplanetas através de interações mediadas por “ventos estelares”. Ela explica que como o Sol, estrelas estão constantemente perdendo partículas, que são injetadas no meio interplanetário. Esse constante fluxo externo de partículas é o que forma o vento de uma estrela. Essas partículas são conectadas a linhas de campo magnético, Assim, toda vez que o vento de uma estrela interage com um exoplaneta, não somente as partículas participam dessa interação mas também o campo magnético estelar.

A bolsa ERC Consolidator recebida impulsiona sua pesquisa a um tópico que ainda tem muito a ser explorado: ”ventos exoplanetários” ou “escape atmosférico”, que compartilha um conceito similar ao dos ventos estelares mas lida com partículas que emanam de exoplanetas ao invés de estrelas. O projeto nomeado ASTROFLOW objetiva avançar o entendimento físico da perda de massa exoplanetária, quantificando a influência de fluxos externos estelares no escape atmosférico de exoplanetas ao redor. O escape tem papel-chave na evolução e população planetária e no potencial de criar vida.

Ela apontou que trabalhando como pesquisadora em um instituto na Europa, é provável que receba e-mails sobre chamadas abertas de ERC Grants. Ela teve apoio de colegas que receberam ERC grants e recebeu e-mails com informações completas de como se inscrever, assim separou alguns meses para se focar na inscrição para a bolsa. Como dica, ela recomenda ler atentamente o material da chamada e identificar se o seu projeto realmente se encaixa na chamada. Nesse caso, a outra dica que ela dá é separar tempo para construir a proposta, mandá-la para pessoas de confiança enviarem feedback e incorporá-lo na proposta.

Aline ressaltou a importância da participação de cientistas em diferentes grupos de pesquisa, uma vez que há troca de ideias e expertise que multiplicam o conhecimento do pesquisador visitante e do próprio grupo anfitrião. Citou sua própria experiência, trabalhando com pesquisa nos EUA, no Reino Unido e na Suíça, antes de vir para a Irlanda. Acredita que recebeu e contribuiu com conhecimento nessas instituições, formando várias colaborações que ainda são frutíferas. Assim, encoraja pesquisadores do LAC a entrar em contato com times ERC para construir e expandir networks.

Para ela, as visitas de curto período do acordo CONFAP e CNPq com o ERC, que encoraja jovens cientistas brasileiros a se juntar a times de pesquisa de bolsistas ERC na Europa, são bastante úteis para iniciar novas colaborações e ideias de projetos. Ela acredita que são sementes que poderão dar muitos frutos no futuro, gerando novas sementes que podem ser plantadas na própria instituição do pesquisador no Brasil.

Segundo ela, mobilidade foi fundamental na carreira, podendo trabalhar com grandes mentes e pessoas maravilhosas, pessoas que não conheceria se não tivesse a chance de ir a  conferências internacionais e visitas de pesquisa. Ela acredita que os projetos que participou a moldaram como a cientista que é hoje. Por fim, para ela, o mais importante para aumentar a mobilidade é criar acordos, como os da ERC/CONFAP/CNPq, que possibilitam aos pesquisadores passar parte de seu tempo em instituições internacionais. No entanto, acredita que apenas isso não resolverá o problema, já que para ela é preciso ter soluções que se estendam para a situação da família dos pesquisadores.