A forma de produzir ciência mudou radicalmente nos últimos anos e exige a emergência de uma nova cultura de ensino e aprendizagem. O Brasil aos poucos tem enxergado esta necessidade, mas ainda está preso a antigos padrões. O desafio de romper esta barreira é um dos temas que o pesquisador Ronaldo Mota irá tratar no 3º Congresso Anual do IBE – Inovação, Cultura e Sustentabilidade: Desafios para Brasil e Europa. O evento ocorre de 9 a 11 de outubro na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis (veja no link).

Pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e consultor nas áreas de Educação e Inovação, além de professor titular aposentado da Universidade de Santa Maria, Ronaldo Mota vai participar da mesa redonda “a interdisciplinaridade na universidade do futuro”, ao lado dos professores Roberto Vecchi (Università di Bologna), Helio Waldman (UFABC) e Carla Salvaterra (Università di Bologna).

Em sua palestra, Ronaldo Mota vai discutir a educação em um mundo onde as habilidades associadas com inovação e o uso das tecnologias estão ficando cada vez mais relevantes. Neste contexto, ele vai abordar as metodologias educacionais compatíveis com este novo cenário e a a importância da aplicação de conceitos como o de transdisciplinaridade. “Até poucas décadas atrás a produção de conhecimento era disciplinar. Mas a ciência evoluiu e os problemas complexos de hoje não podem mais ser resolvidos como antes. A forma tradicional de produzir ciência está caminhando para ser minoritária”, acredita.

Na visão do pesquisador o Brasil ainda trabalha de forma muito isolada do resto do mundo. A internacionalização ocorre, mas ainda a passos lentos se comparada a outros países como Argentina, Chile e México. “A interação ainda é muito dentro do Brasil. Temos bons pesquisadores, mas que são disciplinares e não interagem”, avalia.

Ronaldo Mota acredita que a barreira mais díficil a transpor neste sentido é a cultural e exemplifica a necessidade de mudar um hábito simples, mas que está arraigado na nossa cultura, que é de ouvir o professor em sala de aula e só depois estudar em casa. “Isso não funciona mais. É preciso criar outras pré-condições para as pessoas terem contato prévio com o conteúdo. Tornar mais dinâmicos e densos os momentos de sala de aula. Assim poderíamos ter menos aulas, mas elas seriam mais produtivas. O estudar antes é uma mudança cultural profunda e demanda, por exemplo, a existência de portais interativos”, explica.

 

(Fonte: Assessoria de Comunicação do IBE)