O reitor da UFMG, Clélio Campolina Diniz, iniciou, nesta segunda-feira (09 de setembro), em São Tomé e Príncipe, o processo de discussões e coleta de informações para elaborar diagnóstico que dará suporte à criação da primeira universidade pública no arquipélago africano. “Este é um projeto importante, de cunho solidário e com forte viés humanitário. O Brasil tem que ter os olhos voltados para os centros desenvolvidos, mas, ao mesmo tempo, deve manter uma solidariedade horizontal com os países da América Latina e da África”, comenta o reitor.

Após conversa com o ministro da Educação, Cultura e Formação do governo são-tomense, Campolina terá encontro com representantes do Instituto Superior Politécnico (ISP), única instituição pública de ensino superior do país. Na terça-feira (10 de setembro), o reitor da UFMG fará visitas de trabalho à Escola de Formação de Professores Primários e Educadores (Efope), ao Centro de Aperfeiçoamento Técnico Agropecuário (Catap) e ao Centro Politécnico de Formação Profissional. Na parte da tarde, Campolina retoma as reuniões com representantes do ISP, que prosseguem também na manhã de quarta-feira (11 de setembro). Ainda na quarta, terá reunião de balanço com a cúpula do Ministério da Educação, Cultura e Formação.

A viagem de Campolina a São Tomé e Príncipe atende a pedido do Ministério da Educação (MEC) brasileiro e tem como meta identificar as necessidades daquele país na área da educação e elaborar o projeto pedagógico de uma universidade pública. “O governo brasileiro assumiu o compromisso de ajudá-los a construir uma universidade pública, que será a primeira do país. Essa tarefa foi delegada à UFMG, considerada a universidade pública federal mais qualificada para assumir essa tarefa”, explica Campolina. A reitora da Universidade da Integração Luso-Afro-Brasileira (Unilab), Nilma Lino Gomes, acompanha Campolina na missão. Relatório com sugestões e linhas de ação será apresentado posteriormente ao MEC por Campolina.

Diagnóstico

Arquipélago com cerca de mil quilômetros quadrados de extensão, São Tomé e Príncipe foi colônia de Portugal até julho de 1975. De acordo com o Ministério da Educação, Cultura e Formação, o país pretende, até 2022, garantir a todos os santomenses 12 anos de escolaridade de qualidade. O índice de analfabetismo alcança cerca de 30% da população, que atualmente é de 188 mil habitantes e renda per capita de US$ 1.400. O analfabetismo é de 40% entre as mulheres e de 20% entre os homens. “Temos que respeitar o que eles avaliam como linhas prioritárias. Daí a necessidade dessa visita, com encontros de trabalho”, explica o reitor da UFMG.

Antes da viagem, Campolina comentou que, a princípio, pode ser considerada a possibilidade de se criar cursos de formação geral de engenharia, com noções de mecânica e elétrica, para resolver os problemas de infraestrutura econômica e de saneamento básico do país. Outras iniciativas podem ser implementadas na área de saúde, visando, por exemplo, a constituição de cursos de enfermagem, com ênfase em obstetrícia, e de nutrição.

Segundo o reitor da UFMG, é preciso pensar igualmente em ações programáticas na área de formação de professores, capacitando profissionais para a educação básica para fazer face à alta taxa de analfabetismo são-tomense, bem como no âmbito das ciências agrárias, objetivando enfrentar os problemas básicos de alimentação. “Essas são ideias iniciais, mas temos que ouvir os especialistas e autoridades locais. A prioridade é tentar melhorar as condições de vida da população”, diz Campolina.

Com relação aos recursos financeiros, o reitor da UFMG informou que é necessário identificar as fontes possíveis, tanto do Brasil quanto de outros países, além do apoio de instituições multilaterais, como o Banco Mundial.

 

(Fonte: Assessoria de Comunicação da UFMG)